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segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Descobrindo o prazer.


Era meu vizinho, velho tarado dizia minha mãe, mas eu adorava o jeito que se abaixava pra tentar ver debaixo de minha saia, eu ficava vaidosa cada vez que  sentia chamar atenção dos homens. Seu Antônio vivia sozinho, quer dizer, vez por outra entravam e saiam mulheres e minha mãe repetia “velho tarado”.

No dia do meu aniversário de 18 anos, tive uma festa, o pessoal da igreja, ganhei até presente. Estava muito quente, eu queria era me livrar daquele fogo medonho que me invadia. Quando este fogo me possuía ficava louca suando, minha vó sempre me dizia : quando casar passa.

4 da tarde eu passava sozinha e escutei um psisu discreto, era ele, o velho, pra mim não era tarado e sim o velho senhor que dançava os olhos em minha bunda.

Me aproximei e ele me disse que estava bonita com aquele vestido amarelo, parece um jardim de margaridas, estremeci, pois seus olhos não saia de meus seios. Me convidou pra entrar, disse que me daria um presente, que 18 anos é data importante, entrei e vi uma enorme estante de livros, disse que eram seus amigos, eu vermelha disse que também gostava de ler, que adorava os livros, que li casamento à meia-noite da série Júlia, e que minha coleção era enorme.

Tirou um da estante e me pediu pra lê:  

Apalpo, acaricio a flora negra,
e negra continua, nesse branco
total do tempo extinto
em que eu, pastor felante, apascentava
caracóis perfumados, anéis negros,
cobrinhas passionais, junto do espelho
que com elas rimava, num clarão.

As palavras tocaram meu corpo, um delírio tomou conta de mim e um tremor subiu pelas minhas pernas, seu Antônio não se moveu do sofá, mas eu subi até o céu e flutuei , segundos depois, me invadiu uma alegria e um gélido vento tocou meu cabelo, disse que era tarde e tinha que ir,me sentia exausta, o velho sorriu e perguntou: gostou do livro? Eu nem consegui responder, sai correndo e desse dia em diante, eu nunca mais deixei de ter prazer, a  cada vez que leio Drummond.

Assim me apresento, EU NUNCA FUI SANTA e adoro dizer isto, sinto prazer em ter o prazer de tê-los aqui, sejam bem vindos, aqui também é minha morada.

Um beijo
Nunca fui Santa!

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